Os polícias calçaram luvas
EUA. Autópsia confirma homicídio de jovem negro morto a tiro
em Atlanta
Rayshard Brooks, o jovem negro cuja morte em Atlanta
reavivou os protestos contra a brutalidade policial nos Estados Unidos, foi
vítima de homicídio, confirmou no domingo a autópsia.
Brooks, de 27 anos, morreu na noite de sexta-feira após ter
recebido “dois tiros nas costas” disparados por um agente branco da polícia de
Atlanta, provocando-lhe danos nos órgãos e perda de sangue, explicou em
comunicado o médico-legista do condado de Fulton, citado pela agência de
notícias espanhola EFE.
O procurador distrital do condado de Fulton, Paul Howard,
que está a investigar o incidente, disse que o relatório preliminar do gabinete
do médico-legista e o exame balístico irão ajudá-lo a “tomar uma decisão” sobre
se deve ou não apresentar queixa contra o agente que alvejou Brooks.
Howard já anunciara que estava a considerar acusar o agente
envolvido de homicídio, uma acusação que, ao abrigo do Código Penal da Geórgia,
pode acarretar a pena de morte. Identificado como Garrett Rolfe, o agente, na
polícia desde outubro de 2013, foi despedido no sábado e Devin Bronsan, que o
acompanhava, foi colocado em funções administrativas.
Rayshard Brooks, de 27 anos, morreu na sequência dos
disparos da polícia, na noite de sexta-feira, junto de um restaurante
“drive-thru” (onde se compra comida sem se sair do automóvel).
A polícia tinha sido chamada ao local devido a uma queixa de
que um homem estava a dormir dentro de um carro e a bloquear a passagem de
outras viaturas.
Um vídeo da câmara ligada a um dos uniformes dos agentes,
divulgado pela polícia no domingo, mostra que os agentes falaram durante mais
de 20 minutos com Brooks, antes do início do confronto.
Brooks manteve-se inicialmente calmo, confirmando que tinha
bebido, e cooperou com os agentes, a quem pediu autorização para deixar o carro
no parque de estacionamento e ir a pé até à casa da irmã, que vive nas
proximidades.
Os agentes fizeram-lhe um teste de alcoolémia e tentaram
algemá-lo, mas Brooks libertou-se e os três acabaram no chão, com a polícia a
avisá-lo de que lhe dariam um choque elétrico com ‘taser’ se resistisse.
Outro vídeo divulgado pelo Departamento de Investigação da
Geórgia (GBI, na sigla em inglês) mostra Brooks, depois de tirar o ‘taser’ à
polícia e fugir, a voltar-se para trás e a apontar a um agente que o perseguia.
O agente, que levava outro ‘taser’ numa mão, pegou na arma e
disparou três vezes contra Brooks.
À cadeia de televisão CNN, o procurador afirmou que a
primeira coisa que Rolfe disse depois do tiroteio é relevante para a
investigação: “Ele não disse que salvou a própria vida. Ele disse:
‘Apanhei-o'”.
Jason Miller, advogado da família de Brooks, aconselhou
cuidado na análise do caso, uma vez que “é um pouco diferente do assassínio de
George Floyd”, e lembrou que há “implicações legais diferentes” por Brooks ter
tirado o ‘taser’ à polícia.
O advogado alegou ainda que, segundo “várias testemunhas”,
os polícias calçaram luvas e começaram a recolher as balas do chão antes de
prestarem os primeiros socorros à vítima.
Fonte: Sapo 24
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