Às armas. Pacifistas juntam-se à tendência de investimento na defesa
Japão e Alemanha, em resposta à China e à Rússia, revertem
décadas de políticas de secundarização das forças de segurança e de defesa
motivadas pelo expansionismo que desembocou na Segunda Guerra. Tóquio e Berlim
validam máxima do chanceler Bismarck: "A diplomacia sem armas é como
uma orquestra sem instrumentos".
Há coisa de 11 meses, dias depois de Vladimir Putin ter dado
ordem para a "desmilitarização" e "desnazificação" da
Ucrânia, o chanceler
alemão proferia um discurso no parlamento sobre os "tempos de
mudança" (Zeitenwende) e no qual anunciou cem mil milhões de euros
para reequipar o exército. O Japão, outro país que carrega o peso do militarismo
associado a um regime totalitário, respondeu ao fortalecimento militar da China
(e à contínua ameaça da Coreia do Norte) com uma nova estratégia de segurança
nacional e um orçamento a condizer. Não por acaso, Zeitenwende foi
a palavra de 2022 para os alemães e os monges japoneses do templo de Kioymizu
escolheram como ideograma do ano o que significa batalha ou guerra.
Estes são os exemplos de maior simbolismo e que implicam
movimentos tectónicos nas respetivas sociedades. Porém, da América do Norte ao Extremo Oriente está em
curso, se não uma corrida ao armamento, pelo menos um movimento de investimento
militar, que não foi desencadeado com a invasão russa, antes ganha novas
dimensões.
Em 2021, os gastos combinados das forças armadas
ultrapassaram os 2,1 biliões de dólares, um crescimento de 0,7 pontos
percentuais em relação ao ano anterior e um máximo de sempre, segundo
contabilidade do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de
Estocolmo (SIPRI). E a tendência é para agravar.
A ascensão da China a potência militar desencadeou uma
resposta musculada dos Estados Unidos e do Japão, mas também da Índia, cujos
cidadãos veem agora Pequim como a maior ameaça militar e não o arqui-inimigo
Paquistão.
O país
que mais gasta em defesa, os Estados Unidos, tem um orçamento para 2023 de 858
mil milhões, um aumento de oito pontos percentuais. O seu grande rival
económico, a China, aprovou para 2022 um orçamento de 229 mil milhões de
dólares, um aumento de 7,1 pontos percentuais. A desaceleração económica - o
produto interno bruto cresceu 3% em 2022, o valor mais baixo desde 1976 se
excluirmos 2020, marcado pela pandemia - trará um dilema aos decisores do
regime comunista, que por norma fazem acompanhar o crescimento orçamental
militar a par do económico.
Nos últimos meses, e em particular depois da visita da então
presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi a Taiwan, Pequim respondeu com uma
agressividade inédita. As demonstrações de poderio militar chinês sucederam-se
no estreito de Formosa ou na zona de identificação aérea e o líder chinês Xi Jinping não
excluiu o uso da força para tomar a ilha, ao que o presidente norte-americano
Joe Biden disse que as forças do seu país apoiariam Taipé.
A fechar o pódio dos mais gastadores em defesa (e o maior
importador de armamento) está a Índia. A maior democracia do mundo, que historicamente olha com
desconfiança para o Paquistão, está agora mais preocupada com a China. É o que
revela uma sondagem recente, segundo analisa a Foreign Policy: 43% dos
inquiridos veem em Pequim a maior ameaça, e 22% em Washington, ficando
Islamabade a par de Moscovo, com 13% de respostas.
A Índia é o país que mais armas adquiriu no estrangeiro
entre 2017 e 2021, 11% do bolo total. O PM Modi quer a indústria indiana a
produzir tudo e cancelou compras de aviões e helicópteros, mas peritos avisam
que o país pode ficar sem equipamento suficiente.
O que leva a estes resultados explica-se em parte com as
recentes disputas fronteiriças, ao que não ajudará o facto de a linha ao longo
de mais de 3400 quilómetros entre ambos os países não estar definida - o
problema que levou à guerra de 1962 e que terminou com uma vitória chinesa. Por
outro lado, Nova Deli vê com preocupação a presença crescente da marinha
chinesa no Índico, enquanto Pequim se prepara para ter um terceiro porta-aviões.
A China, uma vez mais, é também o fator decisivo para a
viragem histórica do Japão.
Nos últimos anos, o primeiro ultrapassou o segundo na vice-liderança económica
enquanto os orçamentos militares também acompanharam essa expansão. Sete
décadas de pacifismo não chegam ao fim no papel, uma vez que a Constituição não
foi objeto de mudança e mantém-se o princípio de umas forças de defesa e sem
recurso a armas nucleares.
Artigo 9.º A Constituição japonesa estipula que
"renuncia para sempre à guerra como um direito soberano da nação e à
ameaça ou uso da força como meio de resolução de disputas internacionais".
No entanto, a aprovação da nova estratégia de segurança
nacional, que premeia o esforço de anos de Shinzo Abe, o ex-líder japonês
assassinado no ano passado, aponta o dedo a Pequim: "um inédito e maior
desafio estratégico" para a paz e a segurança do Japão e da região. Em
concreto, Tóquio vê com preocupação as atividades militares chinesas em redor
das ilhas Senkaku, que a RPC reclama suas (bem como Taiwan) e o lançamento de
mísseis balísticos que caíram em águas próximas do Japão.
O governo de Fumio Kishida apresentou o orçamento da defesa
de 2023 para um recorde de 55 mil milhões de dólares, mais 20% que no ano
anterior. Além disso planeia quase duplicar o orçamento dentro de cinco anos. As prioridades passam por
melhorar a cibersegurança e os serviços de informações, e pela aquisição de
centenas de mísseis de cruzeiro Tomahawk, que podem ser instalados nos navios e
ter capacidade para atingir locais de lançamento de mísseis, seja na China,
seja na Coreia do Norte, uma permanente ameaça à paz na região.
500 Tomahawk. Entre outros investimentos, o plano japonês
a cinco anos passa pela aquisição de meio milhar de mísseis de longo alcance
Tomahawk, de fabrico norte-americano.No final do período, o país deverá ter o
terceiro maior orçamento em defesa.
O norte-coreano Kim Jong Un quer um "aumento
exponencial" do arsenal de armas nucleares do país já nos próximos meses,
e Pyongyang está a
construir uma frota de lança-foguetes móveis de grandes dimensões com a
capacidade de atingir qualquer ponto do Sul com uma ogiva nuclear. A febre
atómica do ditador pode traduzir-se em até 300 armas nucleares nos próximos
anos.
A reação de Seul não se fez esperar e, pela primeira vez, o presidente Yoon
Suk Yeol sugeriu a entrada no clube nuclear, enquanto afirmou que o caminho
para prevenir ataques passa por ter uma capacidade para "ripostar cem
vezes ou mil vezes mais". Contas feitas, o orçamento da defesa para 2023
sofre um aumento de 4,6% em relação a 2022 e situa-se nos 42 mil milhões de
dólares.
A Rússia,
na sequência do ataque lançado em larga escala à Ucrânia, viu-se na obrigação
de rever em alta o orçamento da defesa, que é agora de 84 mil milhões de
dólares. Vladimir Putin, que disse não haver "restrições de
financiamento" para os militares, planeia gastar um total de 600 mil milhões de dólares na
defesa nacional, segurança e ordem pública entre 2022 e 2025.
A Alemanha,
que desde a reunificação apostou no desenvolvimento de relações económicas com
a Rússia como um fator de mudança pró-ocidental, ou pelo menos de estabilidade,
em especial com os gasodutos Nord Stream, acordou para a realidade e o
chanceler Olaf Scholz denunciou o "imperialismo" de Putin. Anunciou
também um pacote de cem mil milhões de euros para investir em equipamento
militar e em cumprir de então em diante, o compromisso de reservar o
equivalente a 2% do PIB em despesas de defesa.
67% de apoio. Segundo sondagem publicada em junho no
portal T-online, dois terços dos alemães aprovam o pacote de cem mil milhões
para equipar o exército, mas as regiões orientais mostram-se divididas.
Mas é mais fácil de dizer do que fazer num país que carrega
às costas o passado nazi, ao que se juntam repetidos escândalos de neonazis
infiltrados nas forças armadas. A isto acrescente-se uma burocracia tão extensa como o nome do
departamento responsável pela aquisição (Gabinete Federal de Equipamento,
Tecnologias de Informação e Apoio ao Serviço do Exército). Uma encomenda de um
artigo como uma mochila tem de passar por 12 repartições, segundo revela a
NPR. Um funcionário da empresa construtora dos tanques Leopard, KMW, diz que
nem um euro foi encomendado, o que ajudará a explicar porque nem o orçamento
anual de 50 mil milhões foi gasto na totalidade (300 milhões a menos) e que, em
consequência, o objetivo de atingir 2% do PIB esteja muito longe de alcançar.
Na sexta-feira, o novo ministro da Defesa, Boris Pistorius,
mostrou que quer agitar as águas: disse que o processo de aquisição tem de ser
mais rápido, é da opinião que os cem mil milhões não chegam para as encomendas,
nem o orçamento.
O par de Berlim na construção europeia pós-guerra, Paris, não é indiferente
aos desafios da Rússia. E estes não se restringem ao continente europeu. Em
África, o presidente Macron anunciou o fim da operação Barkhane, de combate aos
grupos jihadistas, com os mercenários russos a preencherem o vazio.
Mais concentradas na Europa, as forças armadas francesas vão receber mais de 400 mil
milhões de euros para o período 2024-2030, um aumento de 30% em relação ao
período em vigor. "Depois de repararmos as forças armadas, vamos
transformá-las", prometeu o líder francês, apostando na rapidez de ação e
no incremento da força, em paralelo com um maior investimento nas defesas
aéreas, na cibersegurança e nos serviços de informações militares.
Fonte: Diário de Notícias, 29 de janeiro de 2023
Foto: Jessie Jazz, Naomi Nevena em "Naked girls with
guns", para Clubseventeen
Jessie Jazz, tcc April / Jesie Jazz / Jesse Jazz
/ Jessica Riorentino / Jessie / Jessie C / Jessie Haz / Jessie Hazz / Jessie
Young / Lucie / Lucka / Paris, 1,67 m, 52 kg, 87-65-88, sapatos 37, olhos
azuis, cabelos loiros, nascida a 17 de agosto de 1985 em Praga.
Naomi Nevena, tcc Brandi / Lily / Martina / Martina T
/ Naoimi / Naomi / Naomi I / Naomi Keen / Naomi Nia / Nici / Serenity / Sofie /
Veronika, 1,60 m, 50 kg, 87-67-91, sapatos 36, nascida a 20 de setembro de 1992
na Eslováquia.
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