Ex-adjunto também revela mensagens e arrasa João Galamba
São cada vez mais numerosas as contradições entre João
Galamba e o adjunto que o ministro das Infraestruturas demitiu ao telefone, na
passada quarta-feira.
A CNN Portugal teve acesso às mensagens de Whatsapp trocadas
por ambas as partes relativamente às notas sobre a polémica reunião secreta que
serviu de preparação à ex-CEO da TAP para responder à comissão parlamentar de
Economia, em janeiro.
Um dia antes de Frederico Pinheiro ter sido exonerado, ou
seja, no dia 25 de abril, às 4:14, João Galamba manda mensagem ao ex-adjunto a
perguntar como é que só se lembra que tem notas um mês depois do encontro com a
chefe de gabinete, Eugénia Correia, em que esta teria pedido aos adjuntos tudo
o que havia sobre a referida reunião com o grupo parlamentar.
Já passava das 14:00 quando Frederico Pinheiro respondeu ao
ministro e à chefe de gabinete, dizendo que as notas são as mesmas que tinha
assumido possuir logo no encontro com Eugénia Correia; notas que, na altura,
todos consideraram que, sendo algo informal, "não seria de relevar".
Segundo
Frederico Pinheiro, o ponto crucial que o fez mudar de ideias - quanto à
revelação das notas ao Parlamento - foi o facto de, após esse encontro, o
Ministério das Infraestruturas ter emitido um comunicado que indicava o seu
nome como tendo estado presente na dita reunião secreta, o que criou a
possibilidade de ser chamado à comissão de inquérito à TAP. Perante este
facto, o ex-adjunto escreve que, “se tal acontecer terá de referir que as notas
existem".
“Olá João e Eugénia, boa tarde. Só vi agora o telemóvel. As
notas que eu referi ontem à Cátia [adjunta do gabinete que estava a preparar
respostas formais à CPI], são as mesmas que referi e li na nossa reunião no
gabinete da Eugénia", começa por escrever na mensagem, a que a CNN
Portugal teve acesso.
“Na altura considerámos todos que, sendo algo informal, não
seria de relevar. No entanto, depois disso, seguiu um comunicado de imprensa a
indicar o meu nome como tendo estado presente na reunião. Como referi então,
tal decisão criou a possibilidade de eu ser chamado à CPI [Comissão Parlamentar
de Inquérito]. Se tal acontecer, eu terei de referir que tenho essas notas.
Dito isto, creio que a decisão de não revelar a existência dessas notas deve
ser revista”, pode ler-se na mesma mensagem.
Frederico Pinheiro insiste, até hoje, que foi despedido
por se ter recusado a participar na mentira que João Galamba estaria a
orquestrar para sonegar informação ao Parlamento.
Após esta mensagem, o ex-adjunto não obteve mais respostas
concretas a este argumento, mas apenas ordens e tentativas de contacto de João
Galamba, sempre por Whatsapp.
Recorde-se que, ontem, fonte do Ministério das
Infraestruturas libertou algumas mensagens Whatsapp que sugerem que foi o ex-adjunto que sonegou as notas
a João Galamba e ao gabinete durante dois meses, mas nunca enviou as
respostas que foram dadas. De acordo com o ministério, foi este o
"comportamento incompatível com as funções que desempenhava" que
ditou o despedimento, que ainda não foi publicado em Diário da República.
Já depois de a CNN Portugal ter noticiado que o Governo
avançou com uma queixa-crime contra Frederico Pinheiro, o próprio emitiu um
comunicado a acusar João Galamba de mentir.
Na reação a essa acusação, João Galamba negou ter
procurado condicionar ou omitir a informação dada aos deputados, afirmando que
Frederico Pinheiro negou "repetidamente a existência de notas de reunião
que eram solicitadas".
Fonte: Sandra Felgueiras, TVI, 29 de abril de 2023
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