Fidel Castro acusa NATO de querer exterminar a Rússia
Jens Stoltenberg com Dmitry Medvedev a bordo do navio de
pesquisa Helmer Hanssen nos arredores de Kirkenes, Noruega, 4 de junho de 2013
O líder cubano Fidel Castro acusou a NATO de promover uma
"guerra de extermínio" contra a Rússia e criticou o "ódio"
no discurso de seu novo secretário-geral, Jens Stoltenberg, num artigo
publicado nesta quarta-feira (8) na imprensa da ilha.
"Eu ouvia as declarações (de segunda-feira), do novo
secretário-geral da NATO, o ex-primeiro-ministro da Noruega. Quanto ódio no seu
rosto! Que empenho incrível para promover uma guerra de extermínio contra a
Federação Russa", disse Castro. "Quem é mais extremista do que os
fanáticos do Estado Islâmico? Que religião praticam", questiona o líder de
88 anos.
Após tomar posse, no dia 1 de outubro, Stoltenberg manteve a
mesma linha que o seu predecessor, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, em
relação à Rússia. Em abril, a NATO suspendeu a cooperação militar com Moscovo pelo
seu envolvimento na crise ucraniana. Stoltenberg disse que não vê contradição
entre uma NATO forte e uma relação construtiva com a Rússia.
Noutro artigo publicado no início de setembro, Fidel acusou
os Estados Unidos e a União Europeia (UE) de declarar guerras por intermédio da
NATO. Ele também afirmou que os dirigentes da aliança atlântica falavam com um
estilo que lembrava a polícia nazi.
Cessar-fogo sangrento
Pelo menos 331 pessoas morreram na Ucrânia desde a
assinatura do cessar-fogo entre separatistas pró-russos e as forças ucranianas,
no dia 5 de setembro. O balanço foi divulgado nesta quarta-feira pelo Alto
Comissariado de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
O relatório, elaborado por 35 observadores da ONU na
Ucrânia, destaca que um número significativo de combatentes estrangeiros,
incluindo supostos cidadãos russos, engrossou os grupos armados das
autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk no período de 24
de agosto a 5 de setembro. "Durante o período do estudo, o direito
humanitário internacional continuou a ser violado por grupos armados e algumas
unidades sob o controle do exército ucraniano", diz o relatório,
citando "enfrentamentos, combates e disparos de artilharia todos os
dias".
Além disso, no mesmo período, "houve um forte aumento
das prisões por grupos armados". "Recebemos informações alarmantes,
destacando torturas e abusos contra detidos, incluindo execuções simuladas e
violência sexual", informam os observadores. "Os grupos armados
continuam aterrorizando a população nas áreas que controlam, matando,
sequestrando, torturando e maltratando as pessoas", segundo a ONU. O
documento também cita relatos de maus-tratos de prisioneiros pelas forças
armadas da Ucrânia e da polícia.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Zeid
Ra'ad Al Hussein, declarou que todas essas violações devem ser alvo de
investigações e processos judiciais.
Gianni Magazzeni, chefe do Departamento para Américas,
Europa e Ásia do Escritório Central do Alto Comissariado, disse que o saldo
global de mortos é "muito conservador". "O número real deve ser
muito maior", afirmou. Ele acrescentou que a equipa de 35 observadores das
Nações Unidas recebeu relatos de que existem valas comuns, com 400 corpos em
setores da região de Donetsk que estiveram tanto sob controle dos separatistas
quanto das forças ucranianas.
Fonte: RFI, 8 de outubro de 2014
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