EUA impõem sanções ao fundador de partido na Geórgia por “prejudicar” democracia
North by
Northwest (1959) – Cary Grant, Eva Marie Saint
Os Estados Unidos (EUA) anunciaram esta sexta-feira sanções
contra Bidzina Ivanishvili, fundador do partido no poder na Geórgia, Sonho
Georgiano, por “prejudicar o futuro democrático” do país “em benefício da
Federação Russa”, após uma crise política pós-eleitoral profunda.
“Os Estados Unidos designam Bidzina Ivanishvili, fundador e
presidente honorário do partido no poder na Geórgia, o Sonho Georgiano, por prejudicar o
futuro democrático e euro-atlântico da Geórgia, em benefício da Federação Russa”,
anunciou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, num comunicado
de imprensa.
A Geórgia tem atravessado uma grave crise política desde as
eleições legislativas a 26 de outubro, um processo que foi alvo de várias
acusações de fraude pela oposição, pela presidente, Salome Zurabishvili, e
pelos observadores internacionais e cuja vitória foi atribuída ao partido no
poder, o Sonho Georgiano.
A oposição acusou o atual primeiro-ministro e líder do
partido, Irakli Kobajzide, de ter orquestrado uma fraude eleitoral em a
colaboração da Rússia, algo que este negou veementemente. Blinken denunciou as
ações do partido no poder e de Ivanishvili por “corroerem as instituições
democráticas, permitirem violações dos direitos humanos e restringirem o
exercício das liberdades fundamentais na Geórgia”.
“Os resultados [da eleição] deixaram a Geórgia vulnerável à
Rússia, que continua a ocupar mais de 20% do território da Geórgia”, adiantou o
chefe da diplomacia norte-americana na mesma nota. O partido no poder desde
2012 decidiu no final de novembro adiar as negociações de adesão à União
Europeia (UE) para 2028, um objetivo consagrado na Constituição da antiga
república soviética.
Esta decisão levou milhares de pessoas a manifestarem-se em
frente ao edifício do parlamento na capital, Tbilissi, em protestos que foram
violentamente reprimidos, marcados por dezenas de detenções e feridos em
confrontos com as forças de segurança. O chefe da diplomacia norte-americana
acusou o Sonho Georgiano de “descarrilar o futuro euro-atlântico da Geórgia, um
futuro que o povo georgiano deseja na sua esmagadora maioria e que a
Constituição da Geórgia exige”.
“Condenamos veementemente as ações do Sonho Georgiano sob a
liderança de Ivanishvili, incluindo a repressão contínua e violenta de cidadãos
georgianos, manifestantes, membros dos meios de comunicação social, ativistas
dos direitos humanos e figuras da oposição”, afirmou o secretário de Estado
norte-americano.
Blinken salientou também o
empenho dos Estados Unidos em
“promover a responsabilização daqueles que estão a minar a democracia e os
direitos humanos na Geórgia”. Em resultado das sanções emitidas, os bens e os
ativos de Ivanishvili passam a estar bloqueados no território norte-americano e
os cidadãos norte-americanos ficam proibidos de efetuar transações com o antigo
primeiro-ministro georgiano.
Além destas medidas, o nome de Ivanishvili consta atualmente
na lista de sanções do Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) do
Departamento do Tesouro norte-americano. O porta-voz do Departamento de Estado,
Matthew Miller, referiu que as relações entre Ivanishvili e Moscovo são o
principal motivo para a aplicação destas sanções.
“As suas ações permitiram violações dos direitos humanos e
prejudicaram o futuro democrático e europeu do povo georgiano em benefício da
Federação Russa”, declarou Miller numa declaração publicada na rede social X.
Fonte: ECO, 27 de dezembro de 2024
Comentários
Enviar um comentário