Noruega: ministro das Finanças culpa política energética da UE pelo colapso do governo
Pirates of
the Caribbean: On Stranger Tides (2011)
O Partido do Centro da Noruega, de cariz eurocético,
abandonou uma coligação governamental fraturada devido à sua oposição às regras
do mercado europeu da energia, deixando o primeiro-ministro, Jonas Gahr Støre,
à frente de um governo minoritário, agora composto apenas pelo Partido
Trabalhista.
Embora não seja membro da UE, a Noruega está sujeita a uma série de
regulamentações comunitárias em troca do acesso ao mercado único como parte do Espaço Económico
Europeu (EEE), que também inclui a Islândia e a Suíça.
Embora seja um grande exportador de petróleo e gás, a
Noruega depende da sua abundante energia hidroelétrica para a maior parte da
produção elétrica. Mas com o aprofundamento das ligações ao mercado de
eletricidade da UE, o país escandinavo tem assistido a uma subida dos preços,
com os recentes aumentos a suscitarem apelos ao corte das ligações elétricas
com o bloco.
Numa declaração publicada, esta quinta-feira, no site do
Partido do Centro, o líder e ministro das Finanças, Trygve Slagsvold Vedum,
afirmou que a Noruega deve "retomar o controlo nacional" sobre os
preços da eletricidade.
Vedum também culpou os anteriores governos conservadores
pelo agravamento dos preços ao permitirem a construção de duas novas linhas
elétricas submarinas que fazem ligação à Alemanha e a Inglaterra.
"O contágio dos preços por via destes dois últimos
cabos faz com que os preços sejam elevados e instáveis e a UE impede-nos de
aplicar medidas eficazes para controlar as exportações de eletricidade para
fora da Noruega", afirmou ainda Vedum.
"Se a liderança trabalhista, em vez de resolver o
problema, opta por acentuá-lo, conectando a Noruega ainda mais à UE em matéria
de política de eletricidade, através da introdução do quarto pacote energético
da UE, o Partido do Centro opta por abandonar o governo", afirmou.
O ministro das Finanças referia-se a um pacote legislativo
que estabelece objetivos para a melhoria da eficiência energética em toda a
economia, bem como para a percentagem de energias renováveis no cabaz global e
o desempenho energético dos edifícios, bem como o alargamento dos poderes da
agência reguladora da UE para o setor, a ACER.
O governante cessante apontou
também o dedo a "vários países da UE" que dependem das exportações de
energia hidroelétrica norueguesa, depois de terem instalado uma capacidade de
produção de energia renovável que, "em grande medida, só produz
eletricidade quando está vento ou o sol brilha".
O primeiro-ministro Støre confirmou esta quinta-feira a
saída do Partido do Centro do governo, numa conferência de imprensa. Passa,
assim, a liderar um governo minoritário até às eleições já marcadas para 8 de
setembro.
Fonte: Euronews, 30 de janeiro de 2025
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