Israel elogia boicote americano. EUA negam vistos a autoridades palestinianas antes da Assembleia Geral da ONU
Perry Mason
(1957-1966) – Tony Travis, Andra Martin
O Departamento de Estado norte-americano anunciou, esta
sexta-feira, que está a revogar os vistos a membros da Autoridade Palestiniana
e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) antes da Assembleia Geral
das Nações Unidas, que começará a 9 de setembro. O embaixador da Palestina na
ONU disse que estavam a analisar os contornos da medida e prometeu responder
"em conformidade". Por sua vez, Israel elogiou a "iniciativa
corajosa". "O secretário de Estado Marco Rubio está a revogar e a
negar vistos a membros da Organização para a Libertação da Palestina e da
Autoridade Palestiniana antes da próxima Assembleia Geral da ONU", afirmou
o Departamento de Estado em comunicado.
O departamento não divulgou os nomes das autoridades
visadas, não ficando claro se o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud
Abbas, que tencionava discursar neste encontro, está incluído nas restrições. O
Departamento de Estado disse, porém, que a missão da Autoridade Palestiniana na
ONU não estaria incluída nas restrições. As restrições seguem-se à imposição de
sanções norte-americanas à Autoridade Palestiniana e aos membros da OLP, em
julho, por “apoio ao terrorismo”.
"A Administração Trump
tem sido clara: é do nosso interesse de segurança nacional responsabilizar a
Organização para a Libertação da Palestina e a Autoridade Palestiniana por não
cumprirem os seus compromissos e por comprometerem as perspetivas de paz",
lê-se no comunicado.
O Departamento de Estado acusa ainda os palestinianos de
utilizarem indevidamente o sistema judicial para fins ilegítimos, recorrendo ao
Tribunal Penal Internacional e ao Tribunal Internacional de Justiça para
resolver os seus litígios com Israel.
No comunicado, o Departamento de Estado dos EUA considera
que a Autoridade Palestiniana deve pôr fim às "tentativas de contornar as
negociações através de guerras jurídicas internacionais" e aos
"esforços para garantir o reconhecimento unilateral do Estado
palestiniano".
Israel saúda “iniciativa corajosa”
O embaixador dos palestinianos na ONU, Riyad Mansour, disse
que estavam a verificar os contornos da medida, prometendo responder “em
conformidade".
"Veremos exatamente o que isso implica e como se aplica
às nossas delegações, e depois responderemos em conformidade", disse
Mansour aos jornalistas.
Israel, por sua vez, elogiou a “iniciativa corajosa” dos
Estados Unidos. "Obrigado (...) por responsabilizar a OLP (Organização
para a Libertação da Palestina) e a Autoridade Palestiniana pelas recompensas
que oferecem aos terroristas, pela sua incitação e pelos seus esforços para
lançar uma guerra legal contra Israel", escreveu o ministro
israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, na rede social X.
"Agradecemos [ao presidente dos EUA, Donald Trump] e à
sua administração por esta corajosa iniciativa (e) pelo apoio mais uma vez
oferecido a Israel", acrescentou.
De acordo com um acordo da ONU de 1947, os EUA estão
obrigados a permitir o acesso de diplomatas estrangeiros à sede da ONU, em Nova
Iorque. Mas Washington afirma que pode negar vistos por motivos
de segurança, terrorismo e política externa. O Departamento de Estado também
argumenta que está a respeitar o acordo ao autorizar a missão palestiniana da
ONU.
A Assembleia Geral da ONU vai realizar-se de 9 a 23 de
setembro. O presidente norte-americano, Donald Trump, deverá comparecer nesta
reunião, depois de ter limitado significativamente as suas relações com as
Nações Unidas e outras organizações internacionais.
Durante esta Assembleia Geral é também esperado que a França
reconheça oficialmente o Estado da Palestina. O presidente francês, Emmanuel
Macron, anunciou em julho que iria fazer o “anúncio solene” durante este
encontro na ONU.
O Canadá, a Grã-Bretanha e a Austrália também sinalizaram,
nas últimas semanas, a sua intenção de reconhecer um Estado palestiniano
durante a reunião da Assembleia Geral da ONU.
Fonte: RTP, 29 de agosto de 2025
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