Ucrânia apela a Orbán para que não bloqueie a sua adesão à EU

Perry Mason (1957-1966) – June Vincent

O processo de adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) está parado há vários meses, mas para avançar com as negociações é necessário convencer Budapeste, que se opõe firmemente à entrada da Ucrânia.

Durante o Fórum sobre o Alargamento da UE, organizado esta terça-feira pela Euronews em Bruxelas, o presidente ucraniano apelou a Viktor Orbán para que "não bloqueie" o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, que Bruxelas considera estar no bom caminho, ao contrário da Geórgia, mais distante dos 27. "Gostaríamos muito que o primeiro-ministro húngaro nos apoiasse ou, pelo menos, não nos bloqueasse", afirmou Volodymyr Zelensky.

O processo de adesão da Ucrânia à União Europeia foi iniciado na sequência da invasão russa em fevereiro de 2022, mas está parado há vários meses. Em causa, está a falta de unanimidade dos 27 Estados-membros em cada nova etapa. Nomeadamente, do chefe do governo húngaro, próximo de Vladimir Putin, que decidiu congelar o processo de adesão, fazendo uso do seu direito de veto.

UE quer um "mandato" para avançar com as negociações

Marta Kos, comissária europeia responsável pelo Alargamento da UE, anunciou a Comissão Europeia procura soluções - como a solicitação de um "mandato" - para prosseguir as discussões nos grupos de trabalho, sem ter de pedir luz verde para cada etapa das negociações.

No entanto, é necessário que a Hungria de Viktor Orbán aceite esse "mandato", reconheceu Marta Kos.

Na apresentação de um relatório intercalar sobre o estado das negociações entre a UE e os dez países que pretendem aderir à União, a comissária europeia explicou que a Ucrânia e a Moldávia continuam a "trabalhar nas reformas" exigidas por Bruxelas, a fim de estarem prontas no dia em que Budapeste decida levantar o seu veto.

O veto da Hungria também impede a Moldávia de avançar, uma vez que os dois países estão a negociar em conjunto a sua adesão à UE

Segundo Marta Kos, apesar da guerra na Ucrânia, Kiev "continuou a demonstrar um compromisso notável com o caminho para a adesão à UE". De acordo com a Comissão Europeia, a única questão preocupante atualmente do lado ucraniano é a luta contra a corrupção.

"As tendências negativas recentes, nomeadamente uma pressão crescente sobre as agências especializadas na luta contra a corrupção e sobre a sociedade civil, devem ser invertidas de forma decisiva", observou o executivo europeu, numa referência à supressão da independência de dois organismos anticorrupção fundamentais que provocou a ira de Bruxelas e fez Kiev recuar.

O líder ucraniano acredita que a luta contra a corrupção não compromete o avançar das negociações, que Kiev gostaria de ver concluídas até 2028 e que Bruxelas apoia, apesar de exigir uma "aceleração do ritmo das reformas".

"Há todas as razões para esperar um resultado positivo para nós", afirmou Volodymyr Zelensky na segunda-feira.

Fonte: RTP, 4 de novembro de 2025

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