PM da Hungria defende pacto com Rússia sem referências à Crimeia e NATO
Operation Seawolf (2022)
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu a
celebração de um pacto com a Rússia sobre o futuro da Ucrânia sem referências à
Crimeia e à adesão do país à NATO, numa entrevista divulgada hoje.
“Devemos concluir um pacto com os russos sobre uma nova arquitetura
de segurança que proporcione segurança e soberania à Ucrânia, mas que não
inclua a adesão à NATO”, disse Orbán, citado pela agência espanhola Europa
Press.
Na entrevista gravada em 21 de agosto e divulgada agora nas
redes sociais pelo antigo apresentador da Fox News Tucker Carlson, Orbán considerou
irrealista que Kiev pretenda recuperar a Península da Crimeia, que Moscovo
anexou em 2014.
Considerou também que as forças ucranianas têm poucas
hipóteses de vencer a guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro 2022
devido à superioridade numérica dos russos.
“Os russos são muito mais fortes, muito mais numerosos do
que os ucranianos”, disse o primeiro-ministro da Hungria, segundo a agência
norte-americana AP.
Para Orbán, o único caminho para acabar com a guerra na
Ucrânia seria a reeleição de Donald Trump para a presidência dos Estados
Unidos.
“Chamem Trump de volta. ... Trump é o homem que pode
salvar o mundo ocidental”, afirmou.
Orbán, 60 anos, líder do partido nacionalista Fidesz - União
Cívica Húngara e primeiro-ministro desde 2010, é considerado o dirigente dos
países da União Europeia (UE) mais próximo de Putin.
Desde a invasão da Ucrânia, o Governo de Orbán manteve laços
estreitos com Moscovo e ameaçou bloquear as sanções da UE contra a Rússia.
Também recusou autorizar a transferência de armas ocidentais
através da fronteira que a Hungria partilha com a Ucrânia.
Em 2016, Orbán foi o primeiro líder europeu a apoiar a
candidatura presidencial de Trump, um apoio que renovou nas eleições de 2020,
em que o ex-presidente republicano foi derrotado pelo democrata Joe Biden.
Em maio, ao abrir uma Conferência de Ação Política
Conservadora em Budapeste, Orbán também defendeu que a guerra da Rússia contra
a Ucrânia não teria ocorrido se Trump liderasse os Estados Unidos.
Na entrevista ao antigo apresentador da Fox News, Orbán
elogiou a política externa de Trump e criticou a abordagem à guerra da
administração do Presidente Joe Biden.
Embora Trump enfrente acusações criminais por supostamente
tentar anular as eleições de 2020, a reeleição do ex-presidente seria “a única
saída” para a guerra, insistiu.
Orbán criticou as múltiplas acusações contra Trump como uma
utilização abusiva do poder pelo governo dos Estados Unidos que seria
impensável na Hungria.
“Usar o sistema judicial contra os opositores políticos -
na Hungria, acho que é impossível de imaginar. Isso foi feito pelos comunistas.
É uma metodologia muito comunista”, afirmou, citado pela AP.
Orbán também lamentou os esforços da administração Biden
para fazer com que o governo húngaro melhore o Estado de direito e o historial
em matéria de direitos humanos.
Apesar de a Hungria ser membro da NATO e aliada dos Estados
Unidos, “somos mais maltratados do que os russos”, afirmou.
Fonte: Lusa, 30 de agosto de 2023
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