Papa Leão XIV entrou mas não rezou na Mesquita Azul de Istambul
Perry Mason
(1957-1966) – Maria Palmer, Gregory Morton
Esperava-se
um momento de recolhimento silencioso olhando para Meca, como fizeram tanto
Bento XVI como Francisco, mas o Papa decidiu não o fazer, apesar do convite
O Papa Leão XIV visitou a Mesquita Azul, em Istambul, mas,
pela primeira vez no seu pontificado, não parou para rezar como fizeram os seus
antecessores.
O muezim da mesquita, Askin Musa Tunca, que acompanhou Leão
XIV neste terceiro dia de visita à Turquia, explicou à imprensa que
inicialmente lhe disseram que o Papa iria rezar ali, mas quando lhe perguntou
se queria ter um “momento de louvor”, o pontífice respondeu que “não, que só
queria visitá-la”.
O Papa norte-americano e peruano foi acompanhado por Ali
Erbas, presidente da Direção de Assuntos Religiosos (Diyanet), tornando-se
assim o quarto Papa a entrar numa mesquita e o terceiro a visitar a de Sultan
Ahmed, onde também estiveram Bento XVI e Francisco.
Esperava-se um momento de
recolhimento silencioso olhando
para Meca, como fizeram tanto Bento XVI como Francisco, mas
Leão XIV decidiu não o fazer, apesar do convite.
“Foi-lhe explicado que esta era a casa de Alá e que poderia
ter um momento de louvor”, mas ele respondeu que “estava bem assim” e circulou
pela mesquita durante 20 minutos enquanto ouvia as explicações do muezim, que
guia a oração.
Como manda a cultura islâmica, Leão XIV teve de tirar os
sapatos para entrar e, depois, admirou as cores das abóbadas do Sultão Ahmed.
João Paulo II foi o primeiro pontífice a entrar numa
mesquita, quando visitou Damasco em 2001, num momento histórico já que nenhum
outro havia visitado este lugar. Ele próprio visitou em 2000 a Esplanada das
Mesquitas em Jerusalém, mas não entrou em nenhuma.
A Mesquita Azul está situada na praça de Sultanahmet e foi
construída no início do século XVII. O seu nome deriva dos mosaicos de azulejos
azuis de Iznik que se encontram no pátio interior.
A sua construção gerou grande controvérsia no mundo
muçulmano, pois os seus seis minaretes eram considerados um atentado sacrílego
por rivalizarem com Meca.
Em resposta, Meca foi adicionar mais um minarete à sua
mesquita para assim impor a sua superioridade como local de nascimento do
profeta Maomé e de peregrinação dos muçulmanos.
A Mesquita Azul, situada em frente à Hagia Sophia (Santa
Sofia), foi construída por Sinan Ibn Abdulmennan, ou Mimar Sinan (em turco,
“Arquiteto Sinan”), que era o chefe dos arquitetos imperiais e cujas ideias
revolucionaram a conceção estética do Islão.
Na sua viagem em 2006, Bento XVI rezou nesta mesquita em
frente ao mihrab, o nicho na parede que indica a direção de Meca, e o então
porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, teve de especificar que se tratava de
um momento de “recolhimento”. Este gesto marcou um marco nas relações com o
Islão e serviu para apagar a polémica surgida após o discurso do papa alemão em
Ratisbona.
Em 2014, o Papa Francisco também teve um momento de
“adoração silenciosa” no mesmo local que o seu antecessor.
Fonte: Expresso, 29 de novembro
de 2025

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